terça-feira, 9 de setembro de 2014

Poema para Tolstói de Mario Quintana



"Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia."
Tolstói (escritor russo)

Como não gostar de Tolstói: criou uma escola para crianças na zona rural,  foi um escritor genial, fugiu de casa aos 82 anos e Mario Quintana em sua homenagem diz deste velho caduco:"Não são todos que realizam os velhos sonhos da infância!"




Poema da Gare de Astapovo

               

                                             De: Mario Quintana

O velho Leon Tolstói fugiu de casa aos oitenta anos
E foi morrer na Gare de Astapovo!
Com certeza sentou-se a um velho banco,
Um desses velhos bancos lustrosos pelo uso
Que existem em todas as estaçõezinhas pobres do mundo
Contra uma parede nua…
Sentou-se …e sorriu amargamente
Pensando que
Em toda a sua vida
Apenas restava de seu a Glória,

Esse irrisório chocalho cheio de guizos e fitinhas
Coloridas
Nas mãos esclerosadas de um caduco!

E então a Morte,
Ao vê-lo tão sozinho aquela hora
Na estação deserta,
Julgou que ele estivesse ali a sua espera,
Quando apenas sentara para descansar um pouco!
A morte chegou na sua antiga locomotiva
(Ela sempre chega pontualmente na hora incerta…)
Mas talvez não pensou em nada disso, o grande Velho,

E quem sabe se até não morreu feliz: ele fugiu…Ele fugiu de casa…
Ele fugiu de casa aos oitenta anos de idade…
Não são todos que realizam os velhos sonhos da infância!

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