sábado, 14 de junho de 2014

Rola a pelota, o mundo roda



"O futebol é uma das mais belas danças sem música” 
Pintura e frase: Enio Squeff

Aprendi a ver e gostar de futebol na minha infância, nasci no interior do meu Estado, em uma cidade pequena e diversão para o meu pai era uma partida de futebol. 

Ele foi jogador, técnico, juiz, presidente de time e tudo o que poderia ser em um time de várzea. 
Acompanhei muitos jogos quando menina, lembro pelo menos de duas cidades que tivemos que fugir devido a raiva da torcida adversária e as pedras que voavam por nossas cabeças.

Tive duas amigas que adoravam futebol, mal faladas é claro, nesta época meninas não jogavam futebol. Lembro como elas tinham que mentir ou fugir pela janela do quarto para jogar. Outros tempos.

Também descobri cedo que a corrupção permeia a nossa sociedade e essa pode ocorrer nos menores clubes de futebol das pequenas cidades aos maiores times das grandes cidades.

Impossível é esquecer a Copa de 1982, tinha 13 anos neste mundial, e participava de um grupo de jovens, resolvemos assistir e torcer para o Brasil todos juntos. E juntos, presenciamos a dura derrota do Brasil para a Itália. 
Inesquecível a dor dessa perda, pois era uma seleção que encantava quando tocava a bola, merecia ter levado o troféu.

Abaixo informação retirada da Wikipédia:

Copa do Mundo FIFA de 1982
Copa del Mundo de Fútbol - España 82
Espanha 1982
World cup spain 1982.jpg
Cartaz promocional da Copa do Mundo FIFA de 1982 na Espanha
Dados
Participantes24
OrganizaçãoFIFA
Anfitrião Espanha
Período13 de junho – 11 de julho
Gol(o)s146
Jogos52
Média2,81 gol(o)s por partida
CampeãoFlag of Italy.svg Itália (3º título)
Vice-campeãoBandeira da Alemanha Ocidental Alemanha Ocidental
3º colocadoFlag of Poland.svg Polónia
Melhor marcadorItália Paolo Rossi – 6 gols
Melhor ataque(fase inicial)Flag of Hungary.svg Hungria – 12 gols
Melhor defesa(fase inicial)1 gol:
Maior goleada
(diferença)
Hungria Flag of Hungary.svg 10 – 1 Flag of El Salvador.svg El Salvador
Nuevo EstadioElche
15 de junho, Grupo C, 1ª rodada
Público2 109 723
Média40 571,6 pessoas por partida
Premiações
Melhor jogador
(FIFA)
ItáliaITA Paolo Rossi
Melhor jogador jovemFrançaFRA Manuel Amoros
Fair playBrasil Brasil
◄◄ Argentina Argentina 1978Soccerball.svgMéxico 1986 México ►►

seleção brasileira, foi comandada por Telê Santana, foi um dos destaques da copa, com jogadores como Leandro, Júnior, Toninho Cerezo, Paulo Roberto Falcão, Zico, Sócrates e Éder e com um futebol ofensivo e vistoso.

_____________________

O time do Jardim ( alunos 5 anos)


Comunidade vibra com a partida de futebol. Foto: Ítala Lima/Portal Amazônia
_________________

Para quem não entende porque muitos adoram futebol, sugiro o livro "Futebol ao Sol e à Sombra" de Eduardo Galeano.

Um dos meus textos preferidos deste livro é o que segue abaixo (trechos):

O fim da partida

     Rola a pelota, o mundo roda. Suspeita-se que o sol é uma bola acesa, que durante o dia trabalha e de noite brinca lá no céu, enquanto a lua trabalha, embora a ciência tenha dúvidas a esse respeito. Por outro lado, está comprovado, com toda a certeza, que o mundo gira em torno de uma bola que gira: a final do Mundial de 94 foi contemplada por mais dois bilhões de pessoas, o público mais numeroso de todos os que se reuniram ao longo da história deste planeta. 
A paixão mais compartilhada: muitos adoradores da bola jogam com ela nos gramados e nos campos da terra, e muitíssimos mais integram a teleplateia que assiste, roendo as unhas, ao espetáculo proporcionado por vinte e dois senhores de calção que perseguem a bola e, aos pontapés, demonstram seu amor.

     No final do Mundial de 94, todos os meninos que nasceram no Brasil, se chamavam Romário, e a grama do estádio de Los Angeles foi vendida em pedaços, como uma pizza, a vinte dólares a porção. Uma loucura digna de melhor causa?  Um negócio vulgar e comum? Uma fábrica de truques manipulada por seus donos? Eu sou dos que acreditam que o futebol pode ser isso, mas também é muito mais do que isso, como festa dos olhos que o olham e como alegria do corpo que o joga.

 Uma jornalista perguntou à teóloga alemã Dorothee Sölle:
- Como a senhora explicaria a um menino o que é a felicidade? 
- Não explicaria - respondeu. - Daria uma bola para que jogasse.

     O futebol profissional faz todo o possível para castrar essa energia de felicidade, mas ela sobrevive apesar de todos os pesares. É talvez por isso que o futebol não pode deixar de ser assombroso. Como diz meu amigo Ángel Ruocco, isso é o melhor que tem: sua obstinada capacidade de surpresa. Por mais que os tecnocratas o programem até o mínimo detalhe, por muito que os poderosos o manipulem, o futebol continua querendo ser a arte do imprevisto. Onde menos se espera salta o impossível, o anão dá uma lição ao gigante, e o negro mirrado e cambaio faz bobo o atleta esculpido na Grécia.
     Um vazio assombroso: a história oficial ignora o futebol. Os textos de história contemporânea não o mencionam, nem de passagem, em países onde o futebol foi e continua sendo um símbolo primordial de identidade coletiva.
(...)

Eduardo Galeano
Em Montevidéu, no verão de 1995
Do livro:  Futebol ao Sol e à Sombra

Nenhum comentário:

Postar um comentário