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"O futebol é uma das mais belas danças sem música”
Pintura e frase: Enio Squeff
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Aprendi a ver e gostar de futebol na minha infância, nasci no interior do meu Estado, em uma cidade pequena e diversão para o meu pai era uma partida de futebol.
Ele foi jogador, técnico, juiz, presidente de time e tudo o que poderia ser em um time de várzea.
Acompanhei muitos jogos quando menina, lembro pelo menos de duas cidades que tivemos que fugir devido a raiva da torcida adversária e as pedras que voavam por nossas cabeças.
Tive duas amigas que adoravam futebol, mal faladas é claro, nesta época meninas não jogavam futebol. Lembro como elas tinham que mentir ou fugir pela janela do quarto para jogar. Outros tempos.
Também descobri cedo que a corrupção permeia a nossa sociedade e essa pode ocorrer nos menores clubes de futebol das pequenas cidades aos maiores times das grandes cidades.
Impossível é esquecer a Copa de 1982, tinha 13 anos neste mundial, e participava de um grupo de jovens, resolvemos assistir e torcer para o Brasil todos juntos. E juntos, presenciamos a dura derrota do Brasil para a Itália.
Inesquecível a dor dessa perda, pois era uma seleção que encantava quando tocava a bola, merecia ter levado o troféu.
Abaixo informação retirada da Wikipédia:
| Copa do Mundo FIFA de 1982 | ||||
|---|---|---|---|---|
| Copa del Mundo de Fútbol - España 82 Espanha 1982 | ||||
Cartaz promocional da Copa do Mundo FIFA de 1982 na Espanha | ||||
| Dados | ||||
| Participantes | 24 | |||
| Organização | FIFA | |||
| Anfitrião | ||||
| Período | 13 de junho – 11 de julho | |||
| Gol(o)s | 146 | |||
| Jogos | 52 | |||
| Média | 2,81 gol(o)s por partida | |||
| Campeão | ||||
| Vice-campeão | ||||
| 3º colocado | ||||
| Melhor marcador | ||||
| Melhor ataque(fase inicial) | ||||
| Melhor defesa(fase inicial) | 1 gol: | |||
| Maior goleada (diferença) | Hungria Nuevo Estadio, Elche 15 de junho, Grupo C, 1ª rodada | |||
| Público | 2 109 723 | |||
| Média | 40 571,6 pessoas por partida | |||
| Premiações | ||||
| Melhor jogador
(FIFA)
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| Melhor jogador jovem | ||||
| Fair play | ||||
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A seleção brasileira, foi comandada por Telê Santana, foi um dos destaques da copa, com jogadores como Leandro, Júnior, Toninho Cerezo, Paulo Roberto Falcão, Zico, Sócrates e Éder e com um futebol ofensivo e vistoso.
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| O time do Jardim ( alunos 5 anos) |
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| Comunidade vibra com a partida de futebol. Foto: Ítala Lima/Portal Amazônia |
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Para quem não entende porque muitos adoram futebol, sugiro o livro "Futebol ao Sol e à Sombra" de Eduardo Galeano.
Um dos meus textos preferidos deste livro é o que segue abaixo (trechos):
O fim da partida
Rola a pelota, o mundo roda. Suspeita-se que o sol é uma bola acesa, que durante o dia trabalha e de noite brinca lá no céu, enquanto a lua trabalha, embora a ciência tenha dúvidas a esse respeito. Por outro lado, está comprovado, com toda a certeza, que o mundo gira em torno de uma bola que gira: a final do Mundial de 94 foi contemplada por mais dois bilhões de pessoas, o público mais numeroso de todos os que se reuniram ao longo da história deste planeta.
A paixão mais compartilhada: muitos adoradores da bola jogam com ela nos gramados e nos campos da terra, e muitíssimos mais integram a teleplateia que assiste, roendo as unhas, ao espetáculo proporcionado por vinte e dois senhores de calção que perseguem a bola e, aos pontapés, demonstram seu amor.
No final do Mundial de 94, todos os meninos que nasceram no Brasil, se chamavam Romário, e a grama do estádio de Los Angeles foi vendida em pedaços, como uma pizza, a vinte dólares a porção. Uma loucura digna de melhor causa? Um negócio vulgar e comum? Uma fábrica de truques manipulada por seus donos? Eu sou dos que acreditam que o futebol pode ser isso, mas também é muito mais do que isso, como festa dos olhos que o olham e como alegria do corpo que o joga.
Uma jornalista perguntou à teóloga alemã Dorothee Sölle:
- Como a senhora explicaria a um menino o que é a felicidade?
- Não explicaria - respondeu. - Daria uma bola para que jogasse.
O futebol profissional faz todo o possível para castrar essa energia de felicidade, mas ela sobrevive apesar de todos os pesares. É talvez por isso que o futebol não pode deixar de ser assombroso. Como diz meu amigo Ángel Ruocco, isso é o melhor que tem: sua obstinada capacidade de surpresa. Por mais que os tecnocratas o programem até o mínimo detalhe, por muito que os poderosos o manipulem, o futebol continua querendo ser a arte do imprevisto. Onde menos se espera salta o impossível, o anão dá uma lição ao gigante, e o negro mirrado e cambaio faz bobo o atleta esculpido na Grécia.
Um vazio assombroso: a história oficial ignora o futebol. Os textos de história contemporânea não o mencionam, nem de passagem, em países onde o futebol foi e continua sendo um símbolo primordial de identidade coletiva.
(...)
Eduardo Galeano
Em Montevidéu, no verão de 1995
Do livro: Futebol ao Sol e à Sombra




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